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Caro Leitor,
Quando comecei a ter interesse por História,
ainda no período em que eu estava no
colégio, alguns assuntos em especial
me chamavam bastante a atenção,
principalmente a história da escravidão.
Anos mais tarde, já na universidade, pude
estudar este tema com mais profundidade,
o que me fascinou ainda mais.
Aos poucos, fui pesquisando sobre a
história da escravidão no Brasil e pude
conhecer o Islam e os muçulmanos. Ao
contrário do que muitos imaginam, a
presença islâmica no Brasil não é um
fenômeno recente na nossa história.
Os primeiros muçulmanos a entrarem em nosso país foram trazidos do continente
africano em situação de escravizados e eram chamados de malês.
Quando tive contato com esta informação, iniciei um incansável trabalho de pesquisa
sobre essas comunidades e sua religião. Após alguns meses de leitura, eu estava tão
envolvido no assunto que pensei na possibilidade de também ser muçulmano. E um
tempo depois, me converti.
A história dos malês e a história da escravidão no Brasil exigem de nós, leitores, um
olhar bastante atento e sensível. Afinal de contas, o sistema escravista se manteve
em nosso país por mais de 300 anos. As marcas e a memória desse triste passado
ainda refletem em nosso presente.
Dito isso, gostaria de citar uma frase muito interessante de um historiador britânico
chamado Peter Burke, que diz o seguinte: “A função do historiador é lembrar a
sociedade daquilo que ela quer esquecer”. Se não formos atentos, perderemos a
oportunidade de aprender com o nosso passado. A história dos malês é uma delas,
que não deve ser esquecida e que tem muito a nos ensinar.
Luiz Henrique Souza da Silva
Historiador e Artista Plástico
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